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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Espera e morte no HR

Família pede investigação sobre caso de idoso que ficou um mês aguardando procedimento vascular, contraiu infecção e faleceu

A família de Evandro Mendes Muniz, 85 anos, atleta famoso dos anos 40 e 50 do remo pernambucano, está pedindo ao Conselho Regional de Medicina (Cremepe) e ao Ministério Público Estadual que investiguem a morte dele, ocorrida no último dia 27 no Hospital da Restauração, um dos maiores da rede pública estadual, no Recife. Com problema vascular no calcanhar esquerdo, Evandro teria sido vítima de provável negligência, segundo os parentes. “Ele foi internado para uma revascularização no dia 31 de agosto, que nunca foi realizada. Esperou todo o mês de setembro pelo procedimento na enfermaria, abriu nova lesão, adquiriu infecção grave, teve a perna amputada no 57º dia de internamento”, relata a filha Ana Maria Mendes Muniz, médica veterinária.

“Houve total falta de compromisso com a saúde dele. Meu pai era diabético e hipertenso, mas tinha bom estado geral. Era um idoso com vida ativa. Chegou andando e consciente ao HR. A previsão era que fosse submetido a uma angioplastia e demorasse de 15 a 30 dias se recuperando”, afirma Ana Maria. Um relato detalhado da espera por tratamento foi encaminhado pela família Muniz ao Cremepe. A Associação de Defesa dos Usuários (Aduseps) denuncia que idosos estão sem prioridades no HR. Uma pensionista de 71 anos, vítima de atropelamento, aguarda desde o dia 16 uma vaga de UTI.

O Conselho Regional de Medicina adianta que o caso “está em análise na Corregedoria”. Caso haja indícios de falha médica, será iniciada a investigação. O Ministério Público Estadual já havia sido acionado quando o remador aposentado estava vivo. Conforme as filhas de Evandro, no 39º dia de internação, graças à intervenção do MPPE, foi possível transferir o idoso à Unidade de Terapia Intensiva do hospital. Mas a essa altura ele já havia piorado, com hemorragia digestiva, infecção respiratória e insuficiência renal aguda.

Evandro Muniz não tinha plano de saúde, mas era acompanhado, em consultório particular. Ao apresentar o problema no pé (pontos escuros e dor) oi submetido a um ultrassom vascular, que indicou a necessidade da angioplastia. Como a família não tinha como pagar o procedimento, foi orientada por médicos a procurar o SUS. Ele foi levado à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Caxangá e de lá encaminhado ao HR, referência em cirurgia vascular. “Para fazer a revascularização, era necessário o exame de arteriografia. Marcaram para o dia 19 de setembro, no Imip, mas no dia constataram que faltava uma assinatura na guia”, conta Ana Maria. A família buscou a diretoria do HR e conseguiu que no dia seguinte o procedimento fosse feito no Hospital das Clínicas da UFPE. Já no dia 24 de setembro, com o resultado da angiografia, foi solicitado parecer cardiológico para cirurgia, que não foi feito. O estado de Evandro foi se agravando na enfermaria. Médicos resolveram amputar a perna depois da permanência do paciente por 14 dias na UTI.

O Hospital da Restauração nega, por meio de sua assessoria, que tenha ocorrido negligência na assistência a Evandro e outros idosos. Alega que o paciente já chegou em estado grave à unidade.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)