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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Médico é proibido de fazer partos humanizados por causa dos gritos

Gritos das gestantes estariam incomodando pacientes, disse obstetra.
Hospital em Cuiabá alega que não tem estrutura para esses tipos de partos.


Uma decisão tomada pelo Hospital São Mateus, em Cuiabá, tem provocado polêmica. Os partos humanizados foram suspensos e, o médico responsável pelos procedimentos, o ginecologista e obstetra Victor Rodrigues, foi proibido de internar as pacientes no local. A alegação oficial é que a unidade não estaria adequadamente estruturada para atender as gestantes. Porém, essa teria sido a forma de não admitir, publicamente, que os gritos e gemidos característicos de trabalhos de parto incomodam outros pacientes.

Por meio de nota, o Hospital São Mateus informou que partos normais e cesarianas continuam sendo feitos normalmente na unidade, e que os partos humanizados precisam de ambiente adequado para não colocar em risco a segurança da mãe e do recém-nascido.

O obstetra Victor Rodrigues é especialista em parto humanizado, no qual é respeitado o processo natural das mães darem à luz sem intervenções, medicamentos ou qualquer tipo de estímulo para acelerar o nascimento dos bebês. Ele interna a pacientes no Hospital São Mateus há mais de 15 anos e disse que a unidade pediu para que isso não ocorresse mais.

“Eles alegaram que o hospital não tem estrutura própria para isso, que os partos ocorriam nos quartos. E os quartos, eventualmente, não tem isolamento acústico, o que interferiria no conforto dos outros pacientes", disse o médico. Ao ser questionado se os gritos e gemidos das gestantes estariam incomodando os outros pacientes, Rodrigues disse que sim. "Foi isso que eles [a direção do hospital] alegaram", declarou.

O obstetra contou que recebeu a notícia com surpresa e que a mudança deve afetar a vida de suas pacientes. "O hospital nunca me convocou para dizer que estava mudando a política. E daí de repente, da noite pro dia, você tem pacientes que estão para ganhar neném, que estão no final da gestação, contando que estarão indo para lá. E você tem que mudar todos os projetos, né?”, disse.

A decisão da direção do hospital revoltou as mães adeptas do parto humanizado, que prestaram ao médico uma homenagem numa rede social, por meio de um vídeo. “Ele é o defensor do parto na sua forma mais natural e ele está sendo tolhido, está sendo cerceado o direito dele de trabalhar em prol da humanização do parto”, disse a fotógrafa Ana Flávia Boel.

Estrutura
Na contramão, outras maternidades estão de olho nas mães que preferem ter os bebês de forma humanizada. Uma delas na capital passou por ampla reforma e agora oferece suítes para estes procedimentos. Quem optar por ter o bebê na unidade paga R$ 700 a mais para ter direito a mais espaço, banheira se quiser dar à luz dentro d'água, luzes definidas por cromoterapia, e toda a estrutura para o recém-nascido ficar o mais perto possível e durante o maior tempo possível da mãe.

“Esse é o conceito da humanização: o de proporcionar maior conforto, sem o ambiente pesado do centro cirúrgico, proporcionando as melhores condições para que esse nenê saia bem e a mãe saia bem também”, disse o médico João Katsuyama Júnior.

Parto humanizado
Parto humanizado sim, só que valorizando o bem-estar delas, e da criança. Pensando nisso, a psicanalista Marina Fiorenza ainda não decidiu se vai ter o filho João Vicente por parto humanizado num hospital ou em casa mesmo.

“Eu penso que eu posso parir, eu posso ter essa experiência de ter o meu filho saindo de dentro de mim, de já vir para perto de mim, de não sofrer intervenção, de não precisar de centro cirúrgico, de cortar meu corpo, de eu estar num processo de recuperação como se eu estivesse doente. Eu não estou doente, eu estou grávida. Sou uma mãe, que está podendo gestar meu filho, que está crescendo perto de mim e vai sair tranquilamente”, disse.

A vendedora Nádia Nunes teve o primeiro filho há 15 anos, numa cesariana. Já Otávio, de 25 dias, veio por parto humanizado. “Eu tive problema na cesariana. Até mesmo pela cesariana eu tive que tomar muito medicamento, o que atrapalhou a amamentação do meu filho. Hoje, tendo essa tranquilidade do Otávio, de estar amamentando no primeiro dia, eu me sinto até um pouco culpada por não ter tido essa força no meu primeiro filho”, disse Nádia.

Fonte: Globo.com