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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Jovem morre após procurar unidades de saúde por 5 vezes em Ribeirão

Adolescente foi levada em três postos e morreu com suspeita de meningite.

A Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto (SP) apura os atendimentos prestados a uma jovem de 16 anos, que morreu após ser consultada por cinco vezes em um único dia, em três unidades de saúde da cidade. Gabriela Zafra sofreu uma parada cardíaca na madrugada de sexta-feira (16) dentro da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e a suspeita é de que a morte tenha sido causada por meningite.

A mãe da adolescente, a diarista Fabiana Zafra, acompanhou todo o sofrimento da filha e disse estar revoltada porque os médicos não solicitaram nenhum exame. ``Eles não trataram minha filha como ser humano.``

Ainda emocionada, Fabiana conta que Gabriela começou a sentir dor de cabeça e mal estar na tarde de quarta-feira (14), e tomou um analgésico para conseguir dormir. No dia seguinte, a jovem foi trabalhar, mas voltou a passar mal e então foi levada pela mãe até à Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) Quintino Facci II, por volta de 9h30. “Estava tudo normal”, relembra Fabiana, destacando que a filha ficou incomodada com o tempo de espera e decidiu ir embora, após ter passado apenas pela pré-avaliação.

Preocupada com o estado de saúde da filha, Fabiana conseguiu agendar uma consulta de urgência em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro Ribeirão Verde, onde a equipe médica apontou suspeita de caxumba e encaminhou a adolescente à UPA. “Chegamos por volta de 13h e só fomos atendidos às 16h45. Minha filha passava mal e reclamava de dor de cabeça, na nuca e no pescoço. Os médicos disseram que era torcicolo e receitaram relaxante muscular e uma injeção para dor. Eu comprei o remédio e ela tomou.”

Em casa, a jovem não apresentava melhora e passou a ter outros sintomas, como diarréia e vômito. Por volta de 18h, a mãe voltou a levá-la à UPA e os médicos apresentaram diagnóstico de intoxicação alimentar, receitando soro para hidratação e remédio contra cólica intestinal. Mais uma vez, Gabriela recebeu alta e voltou para casa.

Última tentativa

Sem perceber melhora no quadro de saúde da filha, Fabiana conta que decidiu voltar à UPA às 21h30. Ela relembra que a adolescente sentia muitas dores e chegou a deitar no chão da unidade, então pediu aos profissionais que realizassem um hemograma completo, mas os médicos teriam afirmado que o exame era desnecessário, pois se tratava de uma virose.

“Quando saímos da unidade, a Gabriela começou a passar mal no carro. Chegando em casa, eu coloquei ela no chuveiro e o corpo dela estava cheio de manchas vermelhas. Ela desmaiou, estava gelada. Chamei meu filho mais velho para me ajudar a carregá-la e voltamos para a UPA. Só então que eles tentaram fazer o exame de sangue, mas já era tarde demais. Minha menina tinha ido embora”, afirma.

Segundo a mãe, Gabriela sofreu duas paradas cardíacas e morreu por volta de 1h40 de sexta-feira (16). “Ela era minha amiga, minha companheira. Até quando isso vai acontecer? Foi pura negligência, tentei salvar a vida da minha família várias vezes e ninguém me ajudou, ninguém se importou.”

Secretaria investiga

Em nota, a Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto informou que lamenta o ocorrido e que se solidariza com a família, “prestando todo o atendimento necessário e tomando as providências para prevenir a transmissão da doença para familiares e amigos.”

A administração comunicou ainda que fará um estudo do caso para avaliar as condutas adotadas em todos os atendimentos e apurar eventuais responsabilidades. ``Ressaltamos que a meningite é uma doença de evolução rápida e grave, mas que no início não revela seus sintomas de gravidade, levando mesmo médicos experientes reavaliarem a confirmação do diagnóstico``, diz a nota.

O corpo de Gabriela passou por exames no Serviço de Verificação de Óbito e o laudo com a causa da morte será divulgado em até 30 dias.

Fonte: G1