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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

'Levantei a bandeira', diz obrigada a fazer cesárea sobre parto humanizado

Com mandado judicial, policiais escoltaram Adelir de Goés até hospital.
Ela diz ter recebido apoio de ativistas que lutam pelo 'parto humanizado'.


Um alerta ouvido há dois anos por Adelir Carmen de Goés do médico que a assistiu no segundo parto levou a dona de casa, hoje com 29 anos, a lutar para ter parto normal na terceira gestação. Após ser contrariada por uma decisão judicial e ver Yuja nascer por meio de uma cesariana na madrugada de terça-feira (1), ela recebeu apoio de ativistas que lutam pelo parto humanizado e pensa em aderir à causa. A mãe deixou o hospital em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, na tarde de quinta-feira (3).

"Sem querer, levantei a bandeira e agora vou ajudar a crescer esses grupos de parto humanizado. Sempre dei razão a eles, agora mais ainda. Eles agem muito com amor, amor à saúde e à mulher. Eu não era ativista, mas agora estou pensando em ser, pelo que eu passei", disse ao G1 Adelir, poucas horas depois de ter deixado o hospital.

"Não era por vaidade que eu queria o parto natural, era uma questão de saúde mesmo. Era o melhor para mim", acrescentou.

Além do bebê rescém-nascido, Adelir é mãe de um menino de sete anos e uma menina de dois. Os dois também nasceram de cesariana. Na terceira vez, ela lembrou que foi avisada que não deve mais ser submetida à cirurgia. "Era para eu ter parado de ter filhos, mas errei com os remédios. Lembrei do médico falando que não era indicada para mim uma terceira cesárea. Ele foi o obstetra da nossa segunda filha", lembrou.

Adelir chegou em casa no início da tarde desta quinta-feira (3). Apesar de reclamar da recuperação da cirurgia e das dificuldades de amamentar o bebê, ela garante que está bem. "Estou daquele jeito, costurada e amarelada depois de uma cirurgia. O primeiro leite demorou a descer e tive que dar leite em pó especial para recém-nascidos. Depois fiquei incentivando ela a pegar o peito para descer o leite e agora veio bastante", conta Adelir.

Após passar pela experiência, ela sugere a outras mães que busquem informações antes de aceitar indicações de cesáreas. "Há mães que dão preferência a cesáreas por ser melhor para os médicos, que querem fazer parto em horário comercial e em dias de semana", lamenta.

Entenda o caso
Após voltar para casa, na última segunda-feira (31), contrariando a orientação médica, a mulher foi reconduzida ao hospital por um oficial de Justiça, escoltada por policiais, em cumprimento de uma ordem judicial coercitiva, após pedido do Ministério Público (MP). Na madrugada de terça, Adelir deu à luz uma menina, que nasceu com 3,6 quilos.

Depois do parto, a mulher desabafou sobre o atendimento médico recebido no hospital e a decisão judicial. Em vídeo gravado pelo marido ainda no hospital, Adelir Carmen de Goés diz que se sentiu "frustrada" após o parto da filha, Yuja.

"Me sinto frustrada, muito chateada. Na hora que eu já estava de 5 em 5 minutos com contrações, chegou a polícia, chegou o oficial de Justiça, com viatura e ambulância, me aterrorizando, dizendo que, se não eu não cumprisse o mandado, meu marido ia ser preso", diz a mulher no vídeo, com Yuja nos braços.

Conforme a Justiça, segundo uma avaliação médica, a gestante não poderia ser submetida a um parto normal, porque a criança estaria de pé no útero, e o bebê e a mãe estariam em risco. "Foi verificado que o bebê estava em pé no útero, sendo necessária uma cesariana, por indicação médica. A mãe quis deixar o hospital para fazer o parto em casa e assinou um termo de responsabilidade", explicou a juíza que expediu a decisão, Liniane Mog da Silva.

Segundo Adelir, no entanto, o problema era que o parto seria pélvico. "Há um hospital que faz partos naturais e até pelvicos em Araranguá, há uns 40 minutos daqui, e não me levaram para lá. Nunca descartei cesária, só queria que fosse só por necessidade realmente, mas não cabia as condições de uma cesária em mim do jeito que estava", afirmou.

De acordo com nota oficial do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, a gestante apresentava dores lombares e na região do ventre. Após a realização de exames clínicos, a médica responsável constatou a necessidade de cesariana imediata para preservar a vida da paciente e do bebê. "Contrariando o diagnóstico e exigindo a realização de parto normal, a paciente assinou um termo de responsabilidade e voltou para sua residência, onde iria esperar o início de seu trabalho de parto, conforme informou à equipe plantonista", explica o texto.

Ainda conforme o hospital, o Ministério Público foi informado sobre o caso com o objetivo de preservar "a saúde e integridade da mãe e do bebê". O órgão, então, ajuizou medida de proteção com pedido de antecipação da tutela requerendo a condução da paciente ao hospital.

"Como o caso envolvia o interesse de menor, pois havia risco de vida não só para a mãe, mas também para o bebê, o hospital comunicou o Ministério Público, que ingressou com a medida de proteção. A medida foi concedida e o cumprimento pela oficial de justiça foi tranquilo, sendo que a Brigada Militar apenas acompanhou para garantir a segurança", completou a juíza que expediu a decisão.

Fonte: Globo.com