Funcionária disse à delegada que não manipulou medicamentos da quimioterapia
A Polícia Civil de Campo Grande começou a ouvir ontem funcionários do setor de oncologia da Santa Casa, onde em julho, três pacientes morreram depois de sessões de quimioterapia no hospital.
Nesta tarde foi ouvida a farmacêutica Rita de Cássia Junqueira Godinho. Ela chegou à 1ª Delegacia de Polícia por volta das 14h30 (de MS) acompanhada do advogado e prestou depoimento para a delegada Ana Cláudia Medina até o fim da tarde.
Rita de Cássia saiu da delegacia sem falar com a imprensa, mas, de acordo com a delegada Ana Cláudia a farmacêutica diz que não foi responsável pela manipulação do medicamento, que pode ter provocado reação nas pacientes.
Ana Cláudia Medina diz que ainda não pode apontar o que aconteceu. ``As coisas estão clareando, mas a gente precisa ter muita cautela para apontar alguma coisa. São muitos detalhes, é uma investigação minuciosa. Não temos condições ainda de dizer o que aconteceu``, explicou.
Na quinta-feira (7), a polícia deve ouvir outro farmacêutico responsável pelo setor e uma enfermeira, que também fazia manipulação dos medicamento. O prazo para conclusão do inquérito termina no dia 29 de agosto.
Casos
Carmem Insfran, Norotilde Greco e Maria Glória morreram entre os dias 10 e 12 de julho, depois de passarem por sessões de quimioterapia na Santa Casa, entre os dias 24 e 28 de junho. As famílias das pacientes questionaram os procedimentos do setor de oncologia depois das mortes.
Suspensão
Segundo a Santa Casa, após as mortes, os lotes dos medicamentos cinco fluorouacil e ácido folínico, usados no tratamento das pacientes, foram suspensos no hospital.
Uma bioquímica já foi contratada para assumir o serviço de manipulação dos remédios e já começou a trabalhar. No período de suspensão, o serviço foi feito no Hospital de Câncer.
Comissão de investigação
Uma comissão foi criada dentro do hospital para investigar as mortes. O grupo é formado por médicos do hospital e por técnicos da Vigilância Sanitária estadual.
Técnicos Anvisa
Entre os dias 21 e 25 de julho, quatro técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estiveram na Santa Casa para investigar as mortes.
Contrato suspenso
No dia 25, o presidente da Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), mantenedora da Santa Casa, Wilson Teslenco, anunciou a suspensão do contrato com a empresa responsável pela oncologia na unidade.
O Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul era uma clínica terceirizada que atuava na Santa Casa há 13 anos. O dono é o médico José Maria Ascenço. Com isso, a Santa Casa começou a montar a nova estrutura para atender os pacientes com câncer, sob orientação da Anvisa, e iniciou o processo de contratação dos profissionais que vão trabalhar no setor.
Fonte: G1