sexta-feira, 1 de junho de 2012

Faculdade é suspeita de jogar corpos fora

Após denúncia, polícia encontra restos mortais enterrados no jardim da Universidade São Marcos, no Ipiranga

A polícia encontrou ontem 15 crânios, um corpo de uma criança sem cabeça, um corpo de um adulto sem pernas, fetos e um tonel com partes de corpos humanos enterrados no jardim da Universidade São Marcos, no Ipiranga.

Segundo o delegado Jorge Carrasco, do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), a polícia chegou ao local após receber uma denúncia anônima.

Seis pessoas ligadas à universidade foram encaminhadas ao DHPP para prestar esclarecimentos sobre o caso.

Segundo Carrasco, um coordenador disse em depoimento que os corpos eram do curso de enfermagem e que, como o laboratório de anatomia precisava ser fechado, pediu para o zelador enterrá-los no jardim.

A reitora, Maria Aurélia Varella, também foi ouvida. Ela disse que o laboratório foi desativado em 2010 e que, em fevereiro deste ano, foi avisada por uma funcionária de que havia risco de contaminação, pois os corpos estavam com aspecto estranho.

Em abril, ela diz que informou aos interventores que administram financeiramente a São Marcos -que foi descredenciada pelo MEC em março- a necessidade de enterrar as ossadas num cemitério. A instituição teria que pagar.

No mês seguinte, ela afirma que a sala foi transformada em secretaria e que, quando houve a mudança, os corpos já não estavam mais lá. A reitora diz que não sabia que os restos tinham sido enterrados no jardim.

``Essas ossadas devem ter sido tiradas de algum lugar. É um desrespeito humano, religioso, e é inadmissível que isso ocorra``, disse.

O delegado afirmou que a universidade deverá responder por ocultação de cadáver.

Segundo o professor de bioética da Faculdade de Medicina da USP Reinaldo Ayer, o procedimento da São Marcos difere dos adotados pelas instituições de ensino.

``Normalmente, esses restos mortais doados para as universidades são enterrados em cemitérios ou cremados.``

Fonte: Folha de S.Paulo /CRISTINA MORENO DE CASTRO