Em menos de uma semana, três pessoas que precisavam de vaga de urgência morreram depois de dar entrada em hospital
Um funcionário público de 61 anos morreu na noite de segunda-feira (18) no Hospital Antônio Moreira da Costa, de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, depois de esperar cerca de 30 horas por uma vaga na UTI. Paulo Roberto Garcia, que era funcionário público, havia sofrido um acidente na BR-459 no domingo (17). Ele pilotava uma moto, quando se desequilibrou e caiu. Paulo deu entrada no hospital no mesmo dia, por volta de 12h, com quadro de traumatismo craniano. Desde então, foram 30 horas de espera por uma transferência, o que acabou não acontecendo. Ele morreu por volta de 21h de segunda-feira.
O diretor do hospital, Marcos Paulo, disse que o pedido de uma vaga na UTI para o paciente à Central de Regulação de Leitos da Secretaria Estadual de Saúde, o Susfácil, foi feito às 15h de domingo. Segundo ele, o pedido percorreu todos os hospitais da região, mas foi negado em todos eles, que alegaram não ter a vaga. O diretor disse que passou o caso para a diretoria da GRS de Pouso Alegre. Marcos Paulo também disse que o paciente Paulo Roberto Garcia estava em estado grave e que não poderia ficar mais de uma hora no hospital em Santa Rita do Sapucaí, já que além de não ter UTI, eles não têm equipe de neurocirugia.
Ainda de acordo com o diretor do hospital, tem sido muito difícil para a instituição conseguir vagas em UTI. Na semana passada, um outro jovem de 18 anos também morreu depois de dar entrada em estado grave. A vaga para ele foi conseguida algumas horas depois, mas o jovem não resistiu e morreu.
A secretária de Saúde de Santa Rita do Sapucai, Tetzi Oliveira, disse por telefone que o Hospital Antônio Moreira da Costa é uma fundação e por isso a prefeitura não responde pelo local. Segundo ela, nenhum dos funcionários trabalha para a administração. A prefeitura apenas repassa uma verba que é usada no Pronto Socorro.
De acordo com o diretor do SUS Fácil de Alfenas, Cláudio Lima Alves, faltam leitos e equipes médicas para atender a pacientes mais graves no Sul de Minas. Ele disse ainda que não há previsão de contratações ou de compra de equipamentos para os próximos meses e que cabre à Secretaria Estadual de Saúde fazer as melhorias. Já a secretaria discorda e por meio da assessoria, informou que a contratação de médicos é de responsabilidade dos municípios e não do Estado. A secretaria reforçou ainda que são 77 leites de UTI no Sul de Minas e que seriam necessários 42 leito. De acordo com o governo do Estado, esses números seguem a média nacional, que é de um leito e meio para cada mil habitantes nascidos.
Terceiro Caso
Na semana passada, um menino de 7 anos morreu depois de dar entrada e ser transferido do mesmo hospital. Ele bateu a cabeça em uma parede durante o recreio da escola e duas horas depois foi levado para o atendimento por professores. Frederico Ariel Barbosa da Silva acabou sofrendo convulsões e por volta de 18h40, foi transferido para o Hospital Escola de Itajubá, com quadro de traumatismo craniano e hematomas. A criança ainda chegou a ser submetida a uma cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro, mas não resistiu.
Segundo o diretor do hospital, o diretor Marcos Paulo disse que no dia em que o garoto deu entrada, como a situação era grave, o médico que estava de plantão fez um apelo ao plantonista de Itajubá que conseguiu a vaga rapidamente. Porém, ele reafirmou que normalmente há dificuldades e muita demora pela transferência.
Fonte: EPTV