domingo, 29 de agosto de 2010

Obrigação de resultado não significa responsabilidade objetiva

Com os estudos da responsabilidade civil decorrente dos serviços médicos, sempre defendemos a tese de que não se deve confundir responsabilidade objetiva com obrigação de resultado.
Entendemos que pode haver obrigação de resultado com responsabilidade subjetiva. No entando, muitos juristas acabam por confundir os dois "institutos" e dizer que obrigação de resultado implica, equivale, a uma responsabilidade objetiva.
Para nossa satisfação, o Superior Tribunal de Justiça, no REsp nº 1180815, acaba de diferenciar, como sempre entendemos, a obrigação de resultado da responsabilidade objetiva:

"...o simples fato de a obrigação ser de resultado não torna objetiva a responsabilidade do recorrido. Nos termos do art. 14 do CDC, continua havendo a necessidade de comprovação da culpa do médico para surgimento do dever de indenizar. Assim, nas obrigações de resultado, como na cirurgia plástica embelezadora, a responsabilidade do profissional da medicina permanece subjetiva, mas transfere para o médico o ônus de demonstrar que os eventos danosos decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia..."

Desse modo, resta esclarecido que obrigação de resultado não equivale a responsabilidade objetiva, conforme claramente mencionado no trecho da decisão acima transcrito.

Segue abaixo ementa do referido acórdão:

Recurso Especial nº 1.180.815-MG
STJ - 3ª Turma
Rel.: Ministra Nancy Andrighi
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. ART. 14 DO CDC. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. CASO FORTUITO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE.
1. Os procedimentos cirúrgicos de fins meramente estéticos caracterizam verdadeira obrigação de resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro compromisso pelo efeito embelezador prometido.
2. Nas obrigações de resultado, a responsabilidade do profissional da medicina permanece subjetiva. Cumpre ao médico, contudo, demonstrar que os eventos danosos decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia.
3. Apesar de não prevista expressamente no CDC, a eximente de caso fortuito possui força liberatória e exclui a responsabilidade do cirurgião plástico, pois rompe o nexo de causalidade entre o dano apontado pelo paciente e o serviço prestado pelo profissional.
4. Age com cautela e conforme os ditames da boa-fé objetiva o médico que colhe a assinatura do paciente em 'termo de consentimento informado', de maneira a alertá-lo acreca de eventuais problemas que possam surgir durante o pós-operatório.
Recurso especial a que se nega provimento.