Minha foto
Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Infecção, e não briga, causou aborto e morte de mulher de Dom Pedro 1º

Cólicas, vômitos, sangramentos e delírios foram frequentes nas últimas semanas de vida da imperatriz Leopoldina de Hasburgo, primeira mulher de Dom Pedro 1º, em 1826. As famosas puladas de cerca do imperador com a Marquesa de Santos podem até ter incomodado a austríaca, mas não foram a causa de sua morte, revelou o médico legista Luiz Roberto Fontes, que ajudou na delicada análise forense da família imperial, realizada entre março e agosto de 2012 para o trabalho de mestrado da arqueóloga e historiadora Valdirene Ambiel.

"O que temos condições de dizer, hoje, é do que a imperatriz não morreu. Se houve mesmo uma briga por causa da traição de Dom Pedro 1º, ela não tem a ver com a morte de dona Leopoldina", explica o legista ao público. "Ela teve uma infecção grave, mas não sabemos ainda qual é essa doença. Precisamos de mais análises para descobrir a causa da morte", finalizou.

Fontes afirmou em palestra no MusIAL (Museu do Instituto Adolfo Lutz), nesta quarta-feira (3) que uma doença grave causou o aborto e o óbito de dona Leopoldina, e não uma briga entre o casal na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. "A tomografia não mostrou fratura no fêmur ou outro osso, descartando a lenda da queda de uma escada ou do acidente [provocado por Dom Pedro]. Pelos exames, vimos que a causa pode ser uma grave infecção que ela teve por três semanas."

A primeira ameaça de aborto ocorreu em 19 de novembro, quando a imperatriz teve um pequeno sangramento. Com a piora do quadro no decorrer da semana, ela passou a sofrer, também, de febre e fortes diarreias, que indicam uma hemorragia intestinal perigosa para uma gestante.

Em 30 de novembro, somaram-se os delírios até que os registros médicos apontaram o aborto de um feto masculino, com cerca de três meses, em 2 de dezembro, dias antes de Leopoldina falecer. Mesmo após perder o bebê, Leopoldina não melhorou e passou a ter cada vez mais delírios, febre e hemorragias, "ou seja, ela estava em um claro quadro séptico, um quadro de morte", disse o legista.

Pesquisadora do Ipiranga

O ambicioso trabalho de mestrado da historiadora e arqueóloga não tratou de exumar os restos mortais do imperador Dom Pedro 1º e de suas duas mulheres, dona Leopoldina e dona Amélia, mas também de desenterrar uma história do século 19 que estava abandonada à umidade e aos cupins.

Goteiras, urnas internas mal conservadas (cada corpo é mantido dentro de três caixões, além do sarcófago de granito) e até erros nas placas comemorativas – o nome de dona Amélia de Leuchtenberg, por exemplo, ganhou um Maria – foram encontrados na cripta imperial, que fica no Monumento à Independência, na zona sul de São Paulo.

Uma equipe ajudou a pesquisadora nesse trabalho de exumação. O Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo) fez a cromatografia gasosa e a análise fúngica, que descartaram a presença de gases inflamáveis nos caixões ou o risco de contágio da equipe, e o Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas fez os exames de ressonância magnética e as tomografias.

"O que me motivou a fazer esse trabalho de exumação da família imperial foi o problema com a umidade na cripta. Uma reforma ocorreu na década de 1980, quando os corpos foram trasladados temporariamente, mas as infiltrações continuaram depois", disse a pesquisadora em palestra no MusIAL.

Fonte: UOL